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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A chegada da televisão


Uma das poucas casas que tinha televisão, pelo menos que eu me lembre, era a do Seu Pedro Sodré, então, quase que todos os dias nós íamos a casa dele, nós e o resto dos moradores da cidade que, para a sorte dele, não era grande. Era novidade e todos queriam ver.
Em 1974, meu pai comprou a nossa, e eu lembro até a novela que estava passando, era Estúpido Cupido. Todo mundo queria jantar bem cedinho, só para não perder nenhuma programação, já que a energia não dava muito tempo. Acho que 17 horas todo mudo já tinha jantado, e já ficávamos ansiosos só esperando que o seu Martinho, mais conhecido por Manequim, ligasse o bendito motor de luz. Quando funcionava, eu era a primeira a ligar a TV, para assistir o meu desenho preferido: O Ze Buscapé. Lembro, também de outros programas como: "oito ou oitocentos, "Globo de Ouro", "Chico City", e outros. Mas tinha um problema, a imagem era ruim, e de vez em quando alguém tinha que virar a antena, que era daquelas espinha de peixe. Quando chovia, então, era uma tristeza...
Outro problema era na safra do milho. Meu pai pedia que o delegado lhe cedesse alguns presos de justiça para que lhe ajudassem na debulha do milho. A sala de casa ficava cheia, então eles debulhavam o milho e conversavam sobre vários assuntos, aí agente ficava praticamente só vendo as imagens, pois eles conversavam muito alto, até a luz apagar.
Eu fico pensando que a televisão mudou muito o hábito das pessoas, alterou a rotina das famílias, pois eu lembro que todo mundo almoçava e jantava junto, mas com a chegada da televisão cada um comia num horário, para não perder a sua programação, ou então pegava o prato e ia comer na frente da televisão. As pessoas já não conversavam mais com tanta frequência, nas calçadas, e dentro das casas as pessoas estavam juntas, porém mudas, petrificadas diante das imagens em preto e branco.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

janela de saudade


Hoje, finalmente, parece que a cidade voltou ao normal, depois de uma semana de comemorações. Esses dias foram bastante agitados. Da janela da casa de minha mãe observei o movimento. Na Avenida Dr. Lauro Sodré e na PA 127 as pessoas disputavam espaço com carros, motos e bicicletas. Era uma desordem total.
Parece que as pessoas estavam elétricas. A cidade não dormiu. Aquele silêncio que trazia paz e um sono tranqüilo, simplesmente não existe mais, foi substituído pelo barulho de motos, alto volume de aparelhos sonoros dos carros de propaganda, que perturbam dia e noite. A cirene do carro da polícia é constante, ouvem-se tiros no meio da noite. Bêbados e prostitutas de plantão completam esse quadro deplorável gritando palavrões, no terminal, aqui ao lado, que mais parece um cabaré.
Mas, de repente me lembrei do jeito que era a minha cidade, então eu me vi passeando naquelas antigas ruas. Agora eu olho pela janela e não vejo mais agitação, vejo dois botecos: da dona Chiquinha e da dona Mariquinha. Elas vendiam comida e algumas coisinhas. Ah! Vejo também o antigo posto médico bem onde hoje, é o monumento. De um lado da rua ficava um casarão, onde funcionava a delegacia de polícia, do outro lado, outro casarão, onde funcionavam vários órgãos.
Eu, também me lembrei do comércio do seu Sátiro, construído em cima da água, um pouco antes do velho trapiche municipal. Esse comércio pegou fogo, e durante muito tempo a molecada da época ia procurar moeda na praia. Quando aparecia uma moeda preta nos comércios, já se sabia de onde vinha. Mas, no primeiro mandato do prefeito Marçal Palheta, foi construído um novo trapiche, e no lugar do antigo, foi construído o bar Beira-mar, do seu Nenê Teixeira. Acho que foi na década de 80 Era um lugar agradável. À noite, quando saíamos da escola, nos reuníamos lá. Eu, a Isabel, a Julieta, a Alice, a Do Ó, a Betânia e outros amigos. Dançávamos qualquer dia da semana, ou simplesmente sentávamos para ouvir uma boa música.
Era lá o nosso ponto de encontro. Que saudade daquele tempo, da minha vida sem tantos compromissos, dos romances, da rodinha de amigos, dos bate-papos. Que saudade! É por isso que eu preciso escrever, pra aliviar minha alma.