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sábado, 20 de março de 2010

Cidade poesia


Eu vejo poesia na minha cidade.
Mesmo que outros não vejam.
Eu vejo alegria pulando
na areia da beira do cais.
São os moleques da bola,
que toda tarde vêm brincar.
Eu vejo poesia nos casais de namorados,
que o pôr so Sol vêm admirar.
Eu vejo poesia nos cabelos alvos dos velhinhos,
que vão à igreja rezar.
Eu vejo poesia na ilha
que estou a contemplar.
Eu vejo poesia na canoa que ao longe vai,
levando o pescador a remar.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Lembranças dos meus pais


Estou há uma semana longe de casa, me sentindo completamente só. Está chovendo muito e eu lembro muito do meu pai e da minha mãe, da nosa casinha. Uma lembrança forte, muito forte. Nada preenche o vazio deixado pela falta que eles me fazem. De repente me dá uma vontade incontrolável de voltar no tempo. Fecho os olhos e em questão de segundos entro na nossa antiga casa, e quem eu vejo? Minha mãe, costurando, como de costume. Tudo está lá, no seu devido lugar. Os vazinhos com flores em cada parapeito, o calendário na parede da sala, onde parei para admirar uma paisagem linda que meu irmão pintou. Na banquinha em um canto, lá está o velho rádio do meu pai, um rádio grande da marca ABC. Eu posso até ouvir a "Patrulha da Cidade", um programa que iniciava às onze horas da manhã, e como prefixo tocava uma musiquinha mais ou menos assim: é uma tristeza, "é uma infelicidade ouvir meu nome na patrulha da cidade". Se não me falha a memória, um dos apresentadores era o Astrogildo Correa. Mas nesse momento, eu entro no meu quarto e posso ver as paredes todas enfeitadas com folhas de revistas, com fotografias de cantores e artistas da televisão. Deito um pouco na cama e mato a saudade das minhas bonecas, dos meus ursinhos de pelúcia, mas agora olho o quintal, vejo as açaizeiras, as bananeiras e lembro muito da Socorrinha - filha do tenente Pedro. Nós fazíamos nossas casinhas e cobríamos com folhas de bananeira. De repente vejo meu pai chegando, trazendo um cacho de banana na mão esquerda, e o terçado e o remo na outra. Ele está de chapéu, camisa amarrada na frente e calça enrolada abaixo dos joelhos. A vontade que eu sinto é de ficar aqui com eles, mas eles já não existem nesse mundo material, nem a nossa casa, e é por isso que eu morro um pouquinho a cada dia, de tanta saudade deles.