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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Oba! O circo chegou




Uma das raras diversões de minha época era o circo. Quando chegava na cidade, era uma alegria para todo mundo.
A tarde o palhaço perna-de pau percorria as poucas ruas da cidade e atrás dele iam um monte de crianças repetindo uns versinhos, isso lhes dava direito a receberem ingresso para o espetáculo da noite. Eu ficava só olhando e morrendo de vontade de ir também, mas a mamãe dizia que isso era coisa de moleques. Eu lembro até hoje as quadrindas. Era mais ou menos assim:

Palhaço: Hoge tem espetáculo?
crianças: tem sim, senhor!
Palhaço: às sete horas da noite?
Tem sim, senhor!

Palhaço: Pipoca, amendoim torrado
Cria nças: carreguei tua mãe num carrinho quebrado

P= Eu vou alhi e volto já
C= vou comer maracujá

P= Seu Benedito Bacuraua
c= Tá no oco do pau
p= tá no oco do pau
C= Benedito bacuraua

P= mas o que é que a velha tem?
C= carrapato no xerém

P= Alegria de pobre é um dia só
c= um quilo de tripa com mocotó

Geralmente chegavam no inverno e isso era ruim, pois a gente ficava com os sapatos cheios de lama, sem contar que, às vezes, chovia mais dentro do que fora, aí já dá pra imaginar o tanto de buraco que tinha na cobertura, por isso agente tinha que levar guarda-chuva. Ah! mas nem era tão ruim assim, tudo virava diversão. no início do espetáculo, apareciam umas mulheres, bem acima do peso, por sinal, que dançavam e se rebolavam e os moleques mais apresentados ficavam assoviando e gritando para elas.

Meu pai só me dava dinheiro aos finais de semana, mas eu sempre fazia amizade com as pessoas do circo, dava água, banana para eles e em troco eles me davam ingresso, assim eu poderia ver todos os espetáculos. Quando o circo ia embora, eu ficava triste, e ficava só recordando de tudo o que via: danças, lutas, palhaçadas e principalmente das quadrinhas que o palhaço repetia. Como eu sinto saudade desses circos.