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quinta-feira, 11 de março de 2010

Lembranças dos meus pais


Estou há uma semana longe de casa, me sentindo completamente só. Está chovendo muito e eu lembro muito do meu pai e da minha mãe, da nosa casinha. Uma lembrança forte, muito forte. Nada preenche o vazio deixado pela falta que eles me fazem. De repente me dá uma vontade incontrolável de voltar no tempo. Fecho os olhos e em questão de segundos entro na nossa antiga casa, e quem eu vejo? Minha mãe, costurando, como de costume. Tudo está lá, no seu devido lugar. Os vazinhos com flores em cada parapeito, o calendário na parede da sala, onde parei para admirar uma paisagem linda que meu irmão pintou. Na banquinha em um canto, lá está o velho rádio do meu pai, um rádio grande da marca ABC. Eu posso até ouvir a "Patrulha da Cidade", um programa que iniciava às onze horas da manhã, e como prefixo tocava uma musiquinha mais ou menos assim: é uma tristeza, "é uma infelicidade ouvir meu nome na patrulha da cidade". Se não me falha a memória, um dos apresentadores era o Astrogildo Correa. Mas nesse momento, eu entro no meu quarto e posso ver as paredes todas enfeitadas com folhas de revistas, com fotografias de cantores e artistas da televisão. Deito um pouco na cama e mato a saudade das minhas bonecas, dos meus ursinhos de pelúcia, mas agora olho o quintal, vejo as açaizeiras, as bananeiras e lembro muito da Socorrinha - filha do tenente Pedro. Nós fazíamos nossas casinhas e cobríamos com folhas de bananeira. De repente vejo meu pai chegando, trazendo um cacho de banana na mão esquerda, e o terçado e o remo na outra. Ele está de chapéu, camisa amarrada na frente e calça enrolada abaixo dos joelhos. A vontade que eu sinto é de ficar aqui com eles, mas eles já não existem nesse mundo material, nem a nossa casa, e é por isso que eu morro um pouquinho a cada dia, de tanta saudade deles.

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