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domingo, 30 de agosto de 2009

O Arraial de Nazaré


Bem cedinho acordei com estrondo de fogos e lembrei que hoje é o Círio de Nazaré, festa católica que reune grande parte da população da cidade, então fui puxada por uma forte lembrança do tempo em que eu era criança. Minha avó chegava do interior, e o momento mais alegre para mim era quando ela me convidava para dar uma volta no "largo" de Nazaré, local onde se concentravam os marreteiros, os vendedores de mingau, raspadinha de coco e outras gulozeimas. ah! como eu me sentia feliz, enchendo os olhos com todo aquele colorido das barraquinhas, do carrocel, da roda-gigante...


Tinha, também a alegria da banda de música, era tradição na cidade. Os mais velhos gostavam de ouvir os músicos tocarem. Eu tenho sautade daquele tempo, daquele arraial, da banda de música e da minha avó.


O que mais eu gostava, era da pescaria que era uma banca cheinha de objetos como bonecas, maracá, pipos, pulseiras e outros. Eu gostava quando conseguia pescar uma pulseira de cobrinha. Crianças da minha época se contentavam com bem pouco, pois a televisão ainda não era presente por essas bandas. Depois do círio ainda tinha mais uns oito dias de arraial, chegava o sete de setembro e depois a festa de Nazaré, e asim, todos os dias eu ia passear com a minha avó e voltava feliz, sempre com um balão, uma pulseira de cobrinhas, um saco de pipocas ou simplismente um pirulito.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Menino encantado


Minha mãe contava que há muitos e muitos anos, às margens do Rio Guamá, morava uma família. Todos os dias eles saíam para o roçado e deixavam o filho mais velho cuidando dos menores. Uma tia que morava próximo sempre ia buscar o menorzinho e levava para sua casa. Quando a mãe chegava do trabalho, ia buscá-lo.

Numa manhã, como de costume, os pais saíram para trabalhar, deixando os filhos em casa. Logo, não demorou a tia veio buscar o caçulinha. Quando a mãe chegou, a tardinha, tomou um banho e foi a casa da irmã. Ao chegar lá e perguntar pelo filho, sua irmã lhe respondeu que não tinha ido buscá-lo, pois estava muito ocupada naquele dia. A mãe achava que ela estava brincando, mas depois, vendo que a irmã estava falando sério, entrou em desespero. O filho mais velho afirmava que a tia tinha porque tinha ido buscar o menino. E agora? A família e vizinhos se uniram e começaram a procurar a criança, mas não encontraram nenhuma pista.

Já cansados e tristes resolveram procurar os curadores da redondeza. Procuraram o Sr, João Leão, e este lhe respondeu que uma pessoa do reino dos encantados havia tomado a forma da tia do menino para pegá-lo em sua casa, e que este fora transformado em uma cobra grande, e que teria um tempo certo para ele aparecer, e se a família quisesse quebrar o encantamento e tê-lo de volta, deveria seguir todas as orientações que ele daria, do contrário ele desapareceria pra sempre. Não conformados, a família procurou um outro experiente que morava em Belém, conhecido como "Mestre Miguel". Este disse tudo o que o primeiro tinha dito.

Eu não lembro bem o resto da estória, mas parece que o menino apareceu depois de sete anos, mas a família não fez conforme o que os curadores tinham dito, e aí, o menino sumiu pra sempre e continua transformado numa grande cobra que mora no rio Guamá. Ainda existe parentes desse menino que podem confirmar esse caso.

sábado, 22 de agosto de 2009

As Ladainhas do Divino Espírito Santo


Hoje se comemora o dia do folclore, e eu me lembrei das Ladainhas do Divino Espirito Santo, um movimento religioso de caráter popular, que expressa fé e resistência, e que vem passando de geração em geração. Isso é folclore.

Os adéptos desse movimento fazem seus pedidos ao Espírito Santo, e ao alcançarem a graça, ficam na obrigação de cumprir a promessa feita a Ele, devendo, portanto, chamar os rezadores para rezar a ladainha em sua casa, oferecendo-lhes comida e bebida.

As rezas e os cantos são feitos em latim. Embora o movimento reuna grande parte de devotos no município, cabe a uma família a direção e a posse da imagem que representa o Espírito Santo, em forma de uma pombinha, toda trabalhada em bronze.

Acredita-se que o movimento é presente no Brasil desde a época colonial, como uma expressão da religiosidade popular, mas não se sabe ao certo como teve origem no município de São Domingos do Capim. Sabe-se, no entanto, que o movimento é legalmente reconhecido, possuinto, inclusive uma Escritura Declaratória, registrada no Cartório da cidade, podendo atuar com plena liberdade de culto.

Atualmente, a direção do movimento está sob a responsabilidade do Senhor José dos Santos da Silva Araújo, neto de José Araújo e bisneto de Durico Araújo, o que o caracteriza como sendo hereditário.

O movimento não tem fins lucrativos, apenas exige transporte para se deslocarem, comida e bebida para os rezadores. Se o dono da casa aceitar, é feito um bingo ou leilão para angariar recursos para a festa do santo que se realiza anualmente por ocasião da festa de Pentecostes.

Os elementos simbólicos do movimento são: a pombinha, que representa o Espírito Santo; a bandeira, e o tambor que serve para chamar os adéptos para a reza, e ao mesmo tempo anunciar a chegada na casa onde será rezada a ladainha.

Esse ritual é um exemplo da resistência da fé popular que vem ultrapassando as barreiras do tempo e, transmitindo através da oralidade suas rezas e cantos de geração em geração fazendo parte do nosso patrimônio histórico-cultural, sendo, portanto digno de respeito e admiração.