Este blog tem por objetivos principais obter depoimentos relacionados à cidade de São Domingos do Capim e integrar todas as pessoas interessadas em divulgar suas lembranças, para que assim possamos resgatar a história do município.
sábado, 22 de janeiro de 2011
Minha Mãe
Se minha mãe tivesse viva, hoje ela faria 82 anos.. Às vezes, a gente não sabe valorizar as pessoas em vida, e depois que elas se vão, fica um vazio tão grande que agente tenta preencher lembrando delas.
Minha mãe, por exemplo, por era uma pessoa intelectual sem nunca ter cursado faculdade. Ela gostava de escrever, fazer anotações de seus estudos bíblicos, pensamentos e outros textos que lia e achava interessantes. Ela também se interessava por teatro, tinha um livrinho bem velhinho, mas que guadava com muito zelo, as páginas já estavam amareladas, também tinha um livrinho de discursos. Quando eramos crianças, escolhia os versinhos para dizermos nas ocasiões de festejos na cidade.
Ela fazia de tudo um pouco. criava seus modelitos e ela própria costurava, e ainda fazia lindas colchas de retalho; gostava de cuidar de plantas e ficava muito aborrecida quando alguem apanhava suas rosas. Uma vez ela deixou um bilhetinho na roseira em frente a sua casa, que dizia assim: " Não apanhem minhas rosas, se eu planto é porque acho bonitas". Ela também adorava compar bibelôs. Cada vez que via um, trazia, sempre aos pares. A gente costumava dizer qua a casa não ia caber tantos bichos: garça, galo, boi, picoto, pato, etc. Agora, como uma forma de manter viva sua memória, adotamos o mesmo gosto.
Minha mãe era vaidosa, andava sempre bem arrumada e perfumada e gostava de comprar aneis, brincos cordões. Enfim, minha mãe era cheia de vida, alegre. Gostava muito dos netos, tanto, que queria ficar com eles pra ela, e muitas vezes, nós, filhos, não entendíamos muitas de suas atitudes. Hoje, só resta a saudade, só resta lembrar e chorar.
O dia preferido da minha mãe era a quinta feira. Por quê? Porque ela adorava andar na feira e olhar as novidades das bancas. Antes de ir ao trabalho, eu sempre ia lá e dizia: mamãe,não vá andar na rua hoje, é perigoso. Ela ria e falava: mas quem vai comprar as coisas que eu preciso? Eu dizia: mande a menina que mora com a senhora, e ela respondia: ah! ela não sabe comprar como eu gosto. Tudo era um pretexto pra ela sair na quinta feira. Mamãe, eu morro de saudades da senhora, e aquele vestido que foi o último que a senhora costurou e nem vestiu, eu guardo comigo com muito amor.
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